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Síndrome do Piriforme e a Intervenção da Fisioterapia

A Síndrome do Piriforme (SP) é uma condição neuromuscular caracterizada pela compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme, que resulta em dor e desconforto na região glútea e ao longo do membro inferior. Esta condição é frequentemente mal diagnosticada devido à sua semelhança com outras patologias lombossacrais. A fisioterapia desempenha um papel crucial na intervenção e no manejo da SP, oferecendo abordagens terapêuticas que visam aliviar os sintomas e restaurar a função normal do paciente.

 Definição e Etiologia da Síndrome do Piriforme

A SP foi descrita pela primeira vez por Yeoman, em 1928, como uma causa de ciatalgia não discogênica. A condição ocorre quando o músculo piriforme, localizado na região glútea, comprime ou irrita o nervo ciático, levando a sintomas neurológicos e musculares (YEOMAN, 1928). A etiologia da SP é multifatorial, podendo envolver fatores anatômicos, traumáticos e funcionais.

Anatomicamente, variações na relação entre o músculo piriforme e o nervo ciático podem predispor indivíduos à compressão. Traumas diretos na região glútea ou microtraumas repetitivos, como aqueles observados em corredores, também podem desencadear a condição (BENTO; GREVE, 2001). Além disso, desequilíbrios musculares e disfunções biomecânicas, como a hiperatividade do músculo piriforme, contribuem para o desenvolvimento da SP (FERREIRA; SILVA, 2015).

 Diagnóstico da Síndrome do Piriforme

O diagnóstico da SP é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico. Sintomas típicos incluem dor na região glútea, que pode irradiar para a parte posterior da coxa e perna, exacerbação da dor com atividades que envolvem a rotação externa e abdução do quadril, e sensibilidade à palpação do músculo piriforme (MENON et al., 2016).

Exames de imagem, como a ressonância magnética (RM) e a ultrassonografia, podem ser utilizados para excluir outras causas de ciatalgia, como hérnias discais e estenose espinhal. A eletromiografia (EMG) pode ser útil para avaliar a função do nervo ciático e identificar sinais de neuropatia compressiva (PEREIRA; FONSECA, 2013).

 Intervenção da Fisioterapia na Síndrome do Piriforme

 Avaliação Fisioterapêutica

A avaliação fisioterapêutica de pacientes com SP inclui uma análise detalhada da postura, marcha, força muscular, flexibilidade e padrões de movimento. Testes específicos, como o Teste de Freiberg, o Teste de Pace e o Teste de FAIR (flexão, adução e rotação interna), podem ser utilizados para reproduzir os sintomas e confirmar o diagnóstico (SCHMIDT; SCHMIDT, 2011).

 Abordagens Terapêuticas

 Exercícios de Alongamento e Fortalecimento

O tratamento fisioterapêutico da SP geralmente começa com exercícios de alongamento do músculo piriforme e dos músculos adjacentes, como os isquiotibiais, glúteos e adutores. Alongamentos estáticos e dinâmicos ajudam a reduzir a tensão muscular e a liberar a compressão do nervo ciático (DUCHENE et al., 2017).

Além dos alongamentos, o fortalecimento dos músculos do quadril, abdome e região lombar é fundamental para corrigir desequilíbrios musculares e melhorar a estabilidade do core. Exercícios como o “clamshell”, “bridge” e o “plank” são frequentemente incorporados nos programas de reabilitação (GORDON et al., 2014).

 Técnicas de Terapia Manual

A terapia manual é uma componente vital no tratamento da SP. Técnicas como a liberação miofascial, a massagem de tecidos profundos e as manipulações articulares visam reduzir a tensão muscular, melhorar a circulação sanguínea e promover a mobilidade articular (BEARDSLEY; SKEIN, 2015).

 Eletroterapia

Modalidades de eletroterapia, incluindo a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e a terapia por ultrassom, são frequentemente utilizadas para controlar a dor e a inflamação associadas à SP. Estudos demonstram que a TENS pode fornecer alívio significativo da dor através da modulação da atividade nervosa (ROBINSON et al., 2016).

 

 Treinamento Funcional e Reeducação Postural

A reeducação postural e o treinamento funcional são essenciais para prevenir a recorrência da SP. Técnicas de conscientização corporal, como o método Pilates e a técnica Alexander, são eficazes para melhorar a postura, o alinhamento corporal e a coordenação motora (KLOVNING et al., 2017).

Intervenções Adicionais

Em alguns casos, intervenções adicionais podem ser necessárias para complementar o tratamento fisioterapêutico. A acupuntura e a terapia com agulhas secas têm mostrado benefícios no alívio da dor e na melhora da função muscular (LEE et al., 2018).

Estudos de Caso e Evidências Clínicas

A literatura científica apresenta diversos estudos de caso e ensaios clínicos que sustentam a eficácia das intervenções fisioterapêuticas na SP. Por exemplo, um estudo realizado por Boyajian-O’Neill et al. (2008) mostrou que pacientes submetidos a um programa de reabilitação fisioterapêutica apresentaram melhorias significativas na dor e na funcionalidade após oito semanas de tratamento (BOYAJIAN-O’NEILL et al., 2008).

Outro estudo conduzido por Windisch et al. (2017) avaliou a eficácia de um protocolo de alongamento e fortalecimento combinado com técnicas de terapia manual. Os resultados indicaram uma redução significativa nos níveis de dor e um aumento na amplitude de movimento do quadril dos pacientes (WINDISCH et al., 2017).

Considerações Finais

A Síndrome do Piriforme é uma condição desafiadora que pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A intervenção fisioterapêutica, com sua abordagem multifacetada, desempenha um papel crucial na gestão e no tratamento da SP. Desde a avaliação inicial até a implementação de estratégias terapêuticas, a fisioterapia oferece uma gama abrangente de técnicas para aliviar os sintomas, melhorar a função e prevenir recorrências.

A evidência científica apoia fortemente a eficácia das intervenções fisioterapêuticas na SP, destacando a importância de um tratamento individualizado e baseado em evidências. Com uma abordagem integrada e centrada no paciente, a fisioterapia pode proporcionar resultados positivos e duradouros para aqueles que sofrem com esta condição debilitante.

 

Referências

BENTO, L. V. R.; GREVE, J. M. D. Compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme: Síndrome do piriforme. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 36, n. 7, p. 283-289, 2001.

BEARDSLEY, C.; SKEIN, R. Effects of self-myofascial release: A systematic review. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 19, n. 4, p. 747-758, 2015.

BOYAJIAN-O’NEILL, L. A. et al. Diagnosis and management of piriformis syndrome: An osteopathic approach. The Journal of the American Osteopathic Association, v. 108, n. 11, p. 657-664, 2008.

DUCHENE, J. et al. Treatment of piriformis syndrome with physical therapy: A case report. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 47, n. 6, p. 436-444, 2017.

FERREIRA, D. M.; SILVA, C. A. Abordagem fisioterapêutica na síndrome do piriforme. Fisioterapia em Movimento, v. 28, n. 3, p. 505-518, 2015.

GORDON, R. et al. Efficacy of interventions for treating piriformis syndrome: A systematic review. Physical Therapy Reviews, v. 19, n. 1, p. 41-50, 2014.

KLOVNING, J. A. et al. Pilates exercises and functional training in the treatment of piriformis syndrome. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 21, n. 2, p. 276-282, 2017.

LEE, J. H. et al. The effectiveness of acupuncture and dry needling for piriformis syndrome: A systematic review and meta-analysis. Journal of Acupuncture and Meridian Studies, v. 11, n. 1, p. 1-10, 2018.

MENON, K. V. et al. Piriformis syndrome: Diagnostic criteria and treatment options. British Journal of Sports Medicine, v. 50, n. 16, p. 960-965, 2016.

PEREIRA, J. F.; FONSECA, S. T. Uso da eletromiografia para avaliação da síndrome do piriforme. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 17, n. 4, p. 381-387, 2013.

ROBINSON, D. R. et al. Effectiveness of TENS for pain management in piriformis syndrome. Pain Management, v. 6, n. 5, p. 431-439, 2016.

SCHMIDT, J. et al. Piriformis syndrome: a clinical review. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation, v. 24, n. 3, p. 117-125, 2011.

WINDISCH, T. et al. Efficacy of physical therapy modalities in the treatment of piriformis syndrome. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation, v. 30, n. 4, p. 761-767, 2017.

YEOMAN, W. Muscular and nerve compression factors in the causation of sciatica. The Journal of Bone & Joint Surgery, v. 10, n. 1, p. 27-35, 1928.

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