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Modelo de Autopoiesis e sua Aplicação nas Organizações Empresariais

Na contemporaneidade, o entendimento das organizações empresariais vai além da simples descrição de suas estruturas e processos. O conceito de autopoiesis, introduzido por Maturana e Varela (1980), surge como uma lente teórica para compreender as dinâmicas autossustentáveis das organizações. Este ensaio pretende explorar o conceito de autopoiesis, suas origens biológicas, e a transposição dessa teoria para o contexto das organizações empresariais, fornecendo uma análise detalhada sobre como as empresas podem ser vistas como sistemas autopoiéticos.

Origem e Definição do Conceito de Autopoiesis

Segundo Maturana e Varela (1980), a autopoiesis é definida como a capacidade de um sistema de se produzir e manter a si mesmo. Originalmente cunhado para descrever sistemas vivos, o termo autopoiesis deriva do grego “auto” (próprio) e “poiesis” (criação), sugerindo a ideia de auto-criação. De acordo com os autores, um sistema autopoiético é aquele que gera os componentes necessários para sua própria organização, diferenciando-se de outros sistemas pelo fato de que sua existência depende exclusivamente de seus processos internos.

Transposição do Conceito para as Ciências Sociais e Organizacionais

Segundo Luhmann (1995), um dos principais teóricos a aplicar o conceito de autopoiesis nas ciências sociais, as organizações empresariais podem ser entendidas como sistemas autopoiéticos. De acordo com ele, as organizações criam, mantêm e reproduzem suas estruturas através de uma rede contínua de comunicações, processos decisórios e interações que garantem sua sobrevivência no ambiente de negócios.

As Organizações Empresariais como Sistemas Autopoiéticos

De acordo com Zeleny e Hufford (1992), as organizações podem ser vistas como sistemas que não apenas se adaptam ao ambiente, mas que criam e recriam constantemente suas próprias estruturas internas para sobreviver e prosperar. Em uma perspectiva autopoiética, uma empresa não é vista apenas como uma estrutura hierárquica de comando, mas como um sistema vivo que se auto-organiza, adapta e evolui com base em suas interações internas e externas.

Estruturas e Processos Internos das Organizações Autopoiéticas

Segundo Beer (1981), as organizações autopoiéticas são caracterizadas por estruturas internas que permitem a autossustentação e a autoadaptação. Essas estruturas incluem processos de comunicação, cultura organizacional, e mecanismos de tomada de decisão. De acordo com o autor, a eficácia de uma organização depende de sua capacidade de manter a coerência interna enquanto responde às mudanças externas.

A Dinâmica de Autopoiesis em Ambientes Empresariais Competitivos

De acordo com Morgan (2006), em ambientes empresariais competitivos, a capacidade de uma organização de se manter autopoiética é fundamental para sua sobrevivência. Segundo ele, empresas que conseguem adaptar seus processos internos às demandas externas sem perder sua essência são mais resilientes e capazes de enfrentar crises e mudanças no mercado.

Casos de Estudo: Empresas como Exemplos de Autopoiesis

Segundo Senge (1990), organizações de aprendizagem, como a Toyota, exemplificam o conceito de autopoiesis ao demonstrarem uma capacidade contínua de auto-organização e adaptação. De acordo com o autor, a Toyota desenvolveu uma cultura que incentiva a inovação constante, garantindo que a empresa possa se reinventar continuamente em resposta às mudanças do mercado.

Limitações e Desafios da Aplicação da Autopoiesis em Organizações

De acordo com Seidl (2004), embora o conceito de autopoiesis ofereça uma visão poderosa das organizações, ele também apresenta desafios. Segundo ele, a aplicação prática da teoria pode ser limitada pela complexidade dos sistemas organizacionais e pela dificuldade de medir a eficácia dos processos autopoiéticos.

Considerações finais

Segundo Maturana e Varela (1980), o modelo de autopoiesis oferece uma compreensão profunda de como os sistemas vivos, incluindo as organizações empresariais, se mantêm e evoluem. De acordo com os autores, ao enxergar as empresas como sistemas autopoiéticos, é possível desenvolver estratégias mais eficazes de gestão que levem em conta a complexidade e a interconexão dos processos organizacionais. O desafio reside em aplicar essa teoria de forma prática, equilibrando a autossustentação interna com as exigências de adaptação ao ambiente externo.

Referências

BEER, S. The Viable System Model: Its Provenance, Development, Methodology and Pathology. Journal of the Operational Research Society, v. 35, n. 1, p. 7-25, 1981.
LUHMANN, N. Social Systems. Stanford University Press, 1995.
MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. Autopoiesis and Cognition: The Realization of the Living. D. Reidel Publishing Company, 1980.
MORGAN, G. Images of Organization. Sage Publications, 2006.
SENGE, P. The Fifth Discipline: The Art and Practice of the Learning Organization. Doubleday, 1990.
SEIDL, D. Luhmann’s Theory of Autopoietic Social Systems. Cambridge University Press, 2004.
ZELENY, M.; HUFFORD, G. The Application of Autopoiesis in Systems Analysis: Are Autopoietic Systems Also Social Systems? International Journal of General Systems, v. 21, n. 2, p. 145-160, 1992.

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